A coruja e a águia — fábula, texto de Monteiro Lobato
A águia e a coruja, ilustração de J. J. Grandville.
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A coruja e a águia
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Monteiro Lobato
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Coruja e águia , depois de muita briga resolveram fazer as pazes.
– Basta de guerra — disse a coruja. – O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
– Perfeitamente — respondeu a águia. — Também eu não quero outra coisa.
– Nesse caso combinemos isso: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
– Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
– Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial, que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
– Está feito! — concluiu a águia.
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Ilustração francesa.
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Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
– Horríveis bichos! — disse ela. — Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves.
– Quê? — disse esta admirda. — Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste…
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Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Lá diz o ditado: quem o feio ama, bonito lhe parece.
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Em: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Brasiliense, s/d, 20ª edição.
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Esta fábula de Monteiro Lobato é uma das dezenas de varições feitas através dos séculos da fábulas de Esopo, escritor grego, que viveu no século VI AC. Suas fábulas foram reunidas e atribuídas a ele, por Demétrius em 325 AC. Desde então tornaram-se clássicos da cultura ocidental e muitos escritores como Monteiro Lobato, re-escreveram e ficaram famosos por recriarem estas histórias, o que mostra a universalidade dos textos, das emoções descritas e da moral neles exemplificada. Entre os mais famosos escritores que recriaram as Fábulas de Esopo estão Fedro e La Fontaine.
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José Bento Monteiro Lobato, (Taubaté, SP, 1882 – 1948). Escritor, contista, dedicou-se à literatura infantil. Foi um dos fundadores da Companhia Editora Nacional. Chamava-se José Renato Monteiro Lobato e alterou o nome posteriormente para José Bento.
Obras:
A Barca de Gleyre, 1944
A Caçada da Onça, 1924
A ceia dos acusados, 1936
A Chave do Tamanho, 1942
A Correspondência entre Monteiro Lobato e Lima Barreto, 1955
A Epopéia Americana, 1940
A Menina do Narizinho Arrebitado, 1924
Alice no País do Espelho, 1933
América, 1932
Aritmética da Emília, 1935
As caçadas de Pedrinho, 1933
Aventuras de Hans Staden, 1927
Caçada da Onça, 1925
Cidades Mortas, 1919
Contos Leves, 1935
Contos Pesados, 1940
Conversa entre Amigos, 1986
D. Quixote das crianças, 1936
Emília no País da Gramática, 1934
Escândalo do Petróleo, 1936
Fábulas, 1922
Fábulas de Narizinho, 1923
Ferro, 1931
Filosofia da vida, 1937
Formação da mentalidade, 1940
Geografia de Dona Benta, 1935
História da civilização, 1946
História da filosofia, 1935
História da literatura mundial, 1941
História das Invenções, 1935
História do Mundo para crianças, 1933
Histórias de Tia Nastácia, 1937
How Henry Ford is Regarded in Brazil, 1926
Idéias de Jeca Tatu, 1919
Jeca-Tatuzinho, 1925
Lucia, ou a Menina de Narizinho Arrebitado, 1921
Memórias de Emília, 1936
Mister Slang e o Brasil, 1927
Mundo da Lua, 1923
Na Antevéspera, 1933
Narizinho Arrebitado, 1923
Negrinha, 1920
Novas Reinações de Narizinho, 1933
O Choque das Raças ou O Presidente Negro, 1926
O Garimpeiro do Rio das Garças, 1930
O livro da jangal, 1941
O Macaco que Se Fez Homem, 1923
O Marquês de Rabicó, 1922
O Minotauro, 1939
O pequeno César, 1935
O Picapau Amarelo, 1939
O pó de pirlimpimpim, 1931
O Poço do Visconde, 1937
O presidente negro, 1926
O Saci, 1918
Onda Verde, 1923
Os Doze Trabalhos de Hércules, 1944
Os grandes pensadores, 1939
Os Negros, 1924
Prefácios e Entrevistas, 1946
Problema Vital, 1918
Reforma da Natureza, 1941
Reinações de Narizinho, 1931
Serões de Dona Benta, 1937
Urupês, 1918
Viagem ao Céu, 1932
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Jean Ignace Isidore Gérard (França, 1803 — 1847), conhecido pelo pseudonimo J. J. Grandville, foi um grande ilustrador e caricaturista francês
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