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Conto Africano - A TRANSFORMAÇÃO DA CONQUÉN

MITO A TRANSFORMAÇÃO DA CONQUÉN A Transformação da Conquén Era uma vez, no início do mundo, quando todos os bichos falavam. Os bichos, as árvores... as pessoas... todos procuravam se comunicar e se entender do melhor jeito possível. Sendo assim, muita coisa era resolvida com uma boa conversa. No princípio do mundo, era uma vez uma conquén que vivia ciscando e olhando apenas para o que fazia, sem se envolver com ninguém. Passava o dia todinho a reclamar gritando: Tô fraco! Tô fraco! Tô fraco. A sua cor era cinzenta e não tinha graça nenhuma. Pobre conquén, nada de novo acontecia na sua vida. E cada dia ela estava mais insatisfeita... Ela ficava cada vez mais zangada. Certo dia, ela mesmo compreendeu que estava demais. Era necessário transformar aquela situação. A conquén, então, lembrou que ali perto morava um oluow. O oluwo era uma pessoa que vivia dando conselhos a todos que o procuravam. Ela resolveu ir procurá-lo também, para receber orientação sobre o que estava acontecendo em sua vida... Ela vivia muito nervosa. De longe, ouviam-se seus gritos: Tô fraco! Tô fraco! Tô fraco... O oluow a recebeu. Depois de ouvir atentamente as suas queixas, falou pausadamente: – Todo seu problema é este seu jeito horrível de tratar as pessoas. O meu conselho é que você mude os seus hábitos e suas atitudes imediatamente. Tratar bem as pessoas nos traz alegria e bem-estar. Preste atenção às pessoas, principalmente àquelas que você encontra pela primeira vez. Vou lhe ensinar umas palavras mágicas. Você vai ver como tudo vai se transformar. A conquén estava muito mal mesmo, pensava e gritava: eu quero me transformar. Eu vou mudar. Eu vou mudar. Agradecida, deu um punhado de kauri ao oluow e partiu. Já na manhã seguinte, quando ela despertou, foi olhando para a cajazeira e cumprimentando-a: “kuwaró”. A cajazeira espantada respondeu: kuwaró ô ! Mais adiante, encontrou dois patinhos que estavam no seu caminho. Ela falou antes de passar entre eles: agô! Eles deram passagem à nova amiga, respondendo como de costume: agô ya. Um grupo de conquéns passou apressado para o trabalho e ela desejou simpaticamente: Ku ixé! O grupo todo agradeceu em coro: Adupé ô. Na verdade, aquele dia parecia completamente diferente. Ela parou um pouco, já no caminho de casa. Era noite, todos a olhavam como se a vissem pela primeira vez. E foi logo cumprimentando a turma, com a maior cortesia: Kualé! Todos responderam: Kualé. ô! Depois de um pouquinho de prosa de nagô, a conquén não esqueceu a despedida e falou com alegria: “adolá”! Foi uma beleza a transformação da conquén. Foi tanto que, no dia seguinte, ela encontrou Oxalá no seu caminho. Ela tratou Oxalá com toda ternura e educação. De tudo que ela trazia consigo entregou para o velho Oxalá. Imagine como Oxalá ficou contente em receber tanta atenção. Foi aí que, para demonstrar seu agrado, Ele tirou de sua bolsa um pozinho mágico e pintou a conquén todinha com umas bolinhas brancas. E pegou um montinho de barro, amassou e colocou no cocoruto da conquén. Assim, a conquén ficou marcada como um bicho da predileção de Oxalá. A partir daquele dia, todos buscavam a sua companhia e conversavam muito com ela. E sempre despediam-se com muita alegria. E percebeu-se que todas as conquéns do mundo apareceram com um pitombinho na cabeça e as pintinhas brancas dadas por Oxalá.

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