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REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS

Este texto foi produzindo durante o curso de Especialização em Tecnologias e Novas Educações que participei na Universidade Federal da Bahia, em 2010/2011. O texto foi publicado originalmente no extinto Blog Discutindo Tecnologias e Novas Educações em julho de 2010 e republicado aqui no Caixinha para reflexão.


Minhas primeira reflexões


Na última sexta-feira , dia 04 de junho, iniciou-se o Curso de Especialização em Tecnologia e Novas Educações pela UFBA.
Estou radiante, pois o meu fascínio pelo uso das TICs já vem de muito tempo e impera em mim o desejo de aprender mais, melhorar minha prática fazendo uso consciente e maduro das inúmeras possibilidades que a tecnologia nos oferece para fazer da educação(principalmente a pública, onde "nasci e me criei") uma Educação de Excelência.

Este Blog é uma das ferramentas de avaliação que nos foi proposta pelo professor Nelson Pretto.

Achei a idéia maravilhosa pq já tenho uma certa intimidade com ela, afinal não é de ontem nem de hoje que sou “blogueira apaixonada”.

Assim que ouvi falar no blog disse a mim mesma: “Eita que me dei bem!” kkk Quanto engano...

Ao preparar meu novo “cantinho” me deparei com uma grande e assustadora realidade:

Não sei escrever!

Não manjo nada, ou quase nada, da escrita acadêmica. Aquela cheia de floreiros e palavras difíceis, sabe?

Me perdoem os intelectuais... nada contra pelo contrario,... aí se tico e teco dessem pra coisa...

Já escrevi algumas resenhas de livros, alguns projetos de pesquisa e até duas monografias (chinfrins, na minha opinião) mas que me deram uma graduação e uma pós com conceitos até que bonzinhos.

No entanto, ainda me aflige a idéia de tecer comentário sobre o que o outro escreve, sobre as idéias alheias.

E é nessa hora que me sinto a bruxa!!!

Pensem aí! Quase 36 anos nas costas e me apavoro com a idéia, mas quando chego em sala de aula cheia da “autoridade” que minha formação acadêmica me dá, solicito ao pobre aluno de 9 ou 10 anos de idade que faça o reconto, a reescrita do texto, da história sei lá o que!

Só fica faltando a vassoura pra sair voando nessa hora!

Há quem diga que, o reconto e a reescrita é um exercício que faz o aluno pensar, opinar, desenvolver o senso crítico...blá, blá, blá...

Concordo, plenamente, mas... todo esse conhecimento não muda o fato de como me sinto ou de como faço com que minha criança se sinta nesse momento.

De que adianta saber, conhecer, ter ciência da “metodologia ideal” se não sei usá-la de tal forma que ajude realmente meu aluno a aprender?

Falha minha pessoal? Profissional? Má formação? Resistência em quebrar antigos paradigmas? Concordo até... mas...

E os índices da educação em nosso país? De quem é a falha? Minha? Nossa? Do governo? Da Universidade?... Sei lá!

Saímos de um ensino tradicional que castrava o aprendiz, que perpetuava uma sociedade onde poucos eram detentores do poder e do saber e de muitos largados à marginalidade, a ignorância, e caminhamos para uma educação moderna pautada em teorias e novas práticas.

Perfeito, era preciso mudar mesmo, mas cadê a diferença? Onde está a mudança?Estou cega? Pois ainda não a enxergo...

Numa certa época da minha vida profissional, lá no comecinho, ouvi coisas do tipo:
Ditado, não!
Cópia? Uma aberração!
Prova? Nem pensar!

Vamos refletir... refletir..., o aluno tem que se colocar... se expressar... e construir seu próprio conhecimento...Beleza!!!

Vi (o que é pior, ainda vejo) crianças que levam 2, 3 ou mais anos no mesmo ciclo, refletindo, se colocando, opinando, mas muitas vezes incapazes de reconhecer o próprio nome.

Demos vivas a estes, pois ainda há os que nem refletir, opinar se colocar conseguem, mesmo depois de tanto exercitar-se nessa prática.

Agora o discurso da moda é que não há receita pronta!

Faça aquilo que vc acha que surte mais efeito para a sua turma...

Bagunçou geral!!!...

Ou concertou a bagunça?

Não sei. No corredor de uma única unidade de ensino vejo o seguinte panorama: uns fazem reflexão a cerca de um filme maravilhoso de vampiros e lobisomens, “papos super-cabeças”, outros decoram a cartilha e a tabuada, outros ainda, desenham um monte de coisa que o menino gostou ou não gostou, mas adiante ouve-se uma música pois é relaxante e evita ou pelo menos pretende-se que evite que os alunos fujam da sala, andando mais um pouquinho vê-se o datashow (provavelmente na minha classe que adoro isso) a projetar um slide sobre determinado assunto e depois? Responder o questionário cheio de porquês, o que vc acha, o que o autor quis dizer e por aí lá vai...

Temos tecnologia!!! Viva!

Que bom!!! Temos...tivemos ou melhor talvez voltemos a ter um laboratório de tecnologia!Um dia quem sabe?

Virou sala de aula, depósito, não sei ao certo, mas fato é que nos dois primeiros anos de existência, enquanto era novidade, foi a sensação da escola e eu, Waykiri e Cândida (aquela mesma das trancinhas, lindíssima na aula inaugural) professoras de tecnologia na época dormíamos e acordávamos afundadas em pesquisas, textos , angustias e júbilo pelo trabalho, então realizado.

Eu caí meio que de pára-quedas na história, mas com o apoio das colegas logo me apropriei das tecnologias... Apropriei?

Aprendi a fazer efeitos lindos no powerpoint, a ligar e desligar o dvd (na época não tinha um e não sabia usar), li textos ótimos sobre o uso das tecnologias na sala de aula e me encantei.

Criamos livros virtuais, baixamos vídeos da internet, músicas com letras contundentes para a reflexão com o Seja, fizemos blogs, criamos projetos e mais projetos que nunca pudemos por em prática, realizamos formações para nossos professores, realizávamos ACs cooparticipativos com a gestão e a coordenação pedagógica, faxinavamos o laboratório,se necessário, fazíamos treinamento e supervisão de monitores (apesar de que nunca divulgamos isso na Rede) era tudo muito construtivo e prazeroso, mesmo tendo que perder noites e noites produzindo material.

Depois aprendemos tudo ou quase tudo sobre o Portal do PETI (Programa de Educação e Tecnologias Inteligentes) para “prepararmos” nossos professores para usá-lo com seus alunos. O difícil mesmo era fazer a coisa funcionar, mas... Deixa quieto.

No entanto, nem tudo foi mar de rosas, não. Quantas vezes ouvi comentários do tipo:

Humm! Tá no ar condicionado hein?

Fica lá no computador sem fazer nada, e ainda ganha, pra isso!

Nas “formações nos deparávamos com colegas que diziam, não sei nem ligar o computador...não e nem quero saber...; não levo os meninos lá não do jeito que são vão quebrar tudo; dê a aula aí vc é que é a pró de tecnologia ou então tudo isso aí eu já sei mas tem pouco computador pra tanto menino. etc..etc
Poucos eram aqueles que realmente acreditavam e valorizavam nosso trabalho.

Na época eu acreditava piamente que o problema estava na formação do professor, no ranço da educação tradicional, na dificuldade em quebrar antigos paradigmas.

Ainda acho, mas hoje refletindo sobre minha vida como aluna e como professora, tenho lá minhas dúvidas, minhas inquietudes.
A culpa não é do professor é da sociedade como um todo, inclusive de nós professores. Deu pra entender?

Até pouco tempo respondia a mim mesma e a quem mais perguntasse como a tecnologia serviria para contribuir com a melhoria do ensino, tinha a resposta pronta na ponta da língua:

Motiva aluno e professor, abre novos horizontes para a pesquisa e reflexão, traz dinamismo para a sala de aula... mas hoje já não tenho tanta certeza penso dessa forma em parte, mas vivi na pele, na realidade, que a tecnologia por si só não muda nada, precisamos mudar as cabeças dos professores atuantes, formadores, pais e alunos(que ainda acham que escola boa é a que passa lição pra casa) e principalmente do aspirante a professor pra que este não chegue aos bancos acadêmicos trazendo e mantendo velhos e conhecidos conceitos e preconceitos sobre o aprender e o ensinar.

Espero que esta Especialização, não me traga apenas mais um título, e muito menos as tais receitas prontas e sim que consiga “abrir meus olhos” e me instrumentalizar para que eu possa contribuir com essa mudança na forma de pensar a tecnologia na educação.

Para que amanhã, não vejamos o computador, a internet, o vídeo etc como víamos o flanelógrafo, a caixa de contagem, o plano de aula e o famigerado recurso incentivador (tecnologia de ponta) dos meus tempos de magistério.



5 COMENTÁRIOS:

Adriane disse...
Olá Ana

Adooooooooorei seu artigo!!!!
Gostaria, inclusive, de trazer algumas partezinhas para a aula... Posso?

ah, só como provocação: será que esta é uma "ferramenta" e "de avaliação"?
;)
DAN SAAS disse...
Gostem do blog!
Sugiro trazer pra cá postagens menores, porque isso estimula o leitor a se interessar pelo que você lhe apresenta. A integra de seus textos pode ser indicada para eles por meio de links externos.
Boa sorte!
Lu França disse...
Adorei seu texto Cris.Muito criativo e acredite no seu potencial.
Cris Lago disse...
Obrigada Lú, o seu blog tb tá ficando bem legal.
Pode ñ parecer, mas dúvidas sobre nosso potencial ñ tenho. Sucesso para nós quatro.
bjkas
Cris Lago disse...
DAN e Adriane, que bom que vcs gostaram! Sobre o tamanho das postagens é que tenho dificuldade mesmo de sintetizar idéias(falta de prática mesmo) e o recurso do template não funcionou.Vou arrumar isso logo, logo.
Pode sim Adriane, qto a provocação talvez sim talvez não( a príncipio tive essa impressão, afinal sou aluna e como tal acho que tudo é pra avaliação). Falamos disso mais adiante pois vou fazer algumas considerações sobre esse tema.

bjs

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